"dar-se-sem-se-dar" - brincar ao amor sem se comprometer. Tocar sem se deixar afectar, sem perder as suas seguranças. As pessoas querem deixar sempre livre o caminho de regresso. Então dão-se mas não se dão. Querem ter a sensação de que amam mas sem correr nenhum risco pessoal. Quando amamos tornámo-nos frágeis. Então achamos mais fácil guardar sempre uma certa distancia cada vez que amamos, de modo a nunca corrermos o risco de ser afectados.

"fazer-coisas-em-vez-de-estar" - Pensam que o amor se pode trocar por fazer coisas, não entendem que consiste sobretudo em estar presente. O amor consiste em dar-se a si mesmo e para isso é preciso ter tempo para estar com o outro, ter tempo para simplesmente estar.

"dar-a-mão-sem-se-abaixar" - Pensar que se pode amar sem se abaixar, sem ficar a perder. Mas amar é chegar a perder para que o outro fique a ganhar. Amar é quebrar a linha que nos mantém por cima, na nossa auto-suficiência.

"dar-para-se-preencher" - É verdade que todo o amor enriquece quem o dá. Mas é também verdade que amar é querer o bem do outro e não o nosso. Sem isso não há amor. Como sabemos as pessoas têm toda espécie de carências, sobretudo afectivas. Quando, por vezes, fogem de as enfrentar procuram uma outra pessoa para tapar buracos e chamam-lhe amor. Só pode amar quem aceita viver a sua própria solidão e sabe que não precisa do outro para sobreviver. A solidão não é o contrário do amor – como muitas vezes pensam - é o alicerce escondido.

"vender-se-para-agradar" - As pessoas para agradar àqueles que dizem amar, são capazes de empenhar o que têm de mais sagrado. Vendem os seus ideais, comportam-se como se não fossem elas, tornam-se incapazes de dizer o que realmente pensam, relativizam aquilo que realmente acreditam para não perder o outro. Se o fizesse tornar-me-ia um jogo de sombras, esvaziar-me-ia e não teria nada para dar.

"manipular-o-outro-para-não-o-perder" - de seduzir o outro de forma que ele não possa recusar o amor. Há tantas formas de o fazer e algumas tão discretas! Há quem tente tornar-se imprescindível ao outro para que o outro não possa viver sem ele. Há quem tente confundir o outro de modo a que ele se convença de que já não é ninguém sem esse amor.